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Entrevistamos o acadêmico de Medicina Veterinária da FAI Faculdades, Marciano Ritter, que recentemente retornou de seu intercâmbio na Alemanha. A experiência internacional foi oportunizada ao aluno pelo Programa Ciência Sem Fronteiras do Governo Federal.

Marciano Ritter é filho de Tarcísio e Amida Grützmann Ritter natural de Itapiranga. É um jovem em constante busca de desafios, procurando o crescimento pessoal e profissional. Atualmente está cursando o 7º semestre do curso de Medicina Veterinária da FAI Faculdades e participa do Grupo de Estudos GEEP – Leite .

Porque você resolveu participar do programa Ciência Sem Fronteira?

Em 2011 conheci alguns estudantes que haviam participado de um intercambio no exterior. As experiências vividas por aqueles estudantes despertou uma grande vontade de fazer o mesmo. Além disso, a vontade de conhecer o continente europeu e principalmente a Alemanha e ir em busca de desafios era um desejo que eu sempre possuía . No final do ano de 2012 tomei conhecimento da existência do programa Ciências Sem Fronteiras. Na mesma época, a FAI Faculdades firmou parceria com o Programa e fiz minha inscrição. Em Fevereiro de 2013 chegou a noticia tão esperada: eu havia sido selecionado para participar do intercambio na Alemanha e que minhas atividades teriam inicio em agosto do mesmo ano.

Quanto tempo você ficou fora do Brasil?

Meu período de intercambio foi de um ano e meio, sendo os sete primeiros meses frequentando escola de idioma na capital alemã Berlim e o restante do período assistido aula e participando de estágio na Universität Leipzig na cidade de Leipzig, localizada no estado da Saxônia.

Como foi esta experiência no exterior?

No início havia uma grande expectativa e ansiedade, pois se tratava de um grande desafio em um ambiente novo A adaptação foi relativamente rápida e um dos fatores que contribuiu para esta adaptação creio que seja a convivência com a cultura e os costumes germânicos na nossa região. Deste modo, não houve um choque cultural muito expressivo. A total adaptação e inserção na sociedade fez com que tudo fluísse de forma incrível. A facilidade com o idioma também foi um dos fatores decisivos e que tornou tudo mais fácil e fez com que várias portas se abrissem.

Durante este período conquistei várias amizades, conheci pessoas das mais diversas culturas, agreguei muito conhecimento tanto no período de estudos na universidade como também viajando pelo continente europeu, onde foi possível ver materializadas muitas das tantas histórias estudadas nos livros durante o período escolar. Foi um período ótimo e com certeza faria tudo novamente.

Como é a Universidade que você estudou?

A Faculdade de Medicina Veterinária da Universität Leipzig é umas das cincos escolas de veterinária da Alemanha. A mesma está instalada na cidade de Leipzig, cidade com aproximadamente 600 mil habitantes, localizada no leste da Alemanha. A Faculdade conta com uma estrutura excelente com doze institutos diferentes e cinco clinicas nas diferentes áreas, abrangendo as diferentes espécies animais. O período de estudo é de onze semestres sendo dois deles de estágios e provas finais. Durante o período de estágio os acadêmicos precisam participar de atividades nas diferentes clinicas da universidade e ainda estagiar em frigoríficos e clinicas particulares.

Os estrangeiros são bem acolhidos?

Ainda no Brasil antes de embarcar para a Alemanha, por varias vezes tive que escutar depoimentos que os alemães são um povo frio, fechado e de difícil convívio. Logo ao chegar pude notar que era totalmente diferente, encontrei um povo acolhedor e alegre. Claro que existem exceções como aqui também onde há pessoas de difícil convívio. Em ambos os períodos tanto na escola de idiomas como na Universidade, o acolhimento e apoio oferecido pelas equipes foi excelente e em nenhum momento eu me senti desassistido.

Onde você morou? Casa de família, república, casa alugada?

Inicialmente ao frequentar a escola de idiomas na capital alemã Berlim, residi em um apartamento juntamente com mais dois colegas Brasileiros. No mesmo prédio havia mais 75 vizinhos Brasileiros, fato esse que dificultou um pouco o maior contato com os nativos. Já no período da Universidade eu tive a oportunidade de optar em alugar um apartamento na moradia da universidade. Como tudo na Alemanha é bem organizado e funciona, na questão de moradia não poderia ser diferente. Os locais oferecidos pela universidade eram muito bem organizados e com ótima estrutura.

Como é a convivência entre estrangeiros e os nativos?

Em cada país as pessoas possuem uma forma de conviver e de se relacionar. Em relação aos brasileiros, os Alemães são um pouco mais cautelosos quando a questão são os amigos. Não basta ter dois ou três contatos com a pessoa e já chamá-la de amigo. Uma amizade na Alemanha leva um longo período para ser construída, mas a mesma é verdadeira e duradoura. Mas isso não quer dizer que você não encontre pessoas com as quais possa sair para tomar algumas cervejas e se divertir nas horas vagas. Nos locais onde morei o convívio com os nativos sempre foi bom, fiz várias amizades. Juntamente com o intercambio acadêmico, o intercambio cultural tem grande importância e creio que é essencial “mergulhar” na cultura do país e região no qual se está inserido, pois isso facilita a convivência e abre muitas portas.

Como é voltar ao Brasil depois de ficar um tempo fora?

Sempre é bom retornar rever família, amigos, colegas e tudo o que há em nossa volta. Mas não posso negar que há momentos em que é difícil a readaptação. Para quem já foi para Europa sabe o como são agradáveis às cidades Europeias, as inúmeras atrações culturais, parques, restaurantes a tranquilidade, liberdade, enfim as várias vantagens de um país bem desenvolvido como é o caso da Alemanha. Além disso, ficaram muitas amizades por lá.

Depois de concluir sua graduação, tens interesse em morar no exterior?

Não descarto a possibilidade de retornar para a Alemanha com o objetivo de participar de estágio ou até mesmo uma pós-graduação, já que varias “portas ficaram abertas”.

Você indicaria o Programa para os colegas da graduação, mesmo de outros cursos?

Com certeza. As vagas oferecidas são em inúmeras áreas e em diferentes países, desta forma há varias possibilidades. Os frutos desta experiência são excelentes, pois durante o período no exterior o estudante é exposto a diversos desafios tanto na vida acadêmica quanto pessoal, o que faz com que haja um crescimento e amadurecimento profissional e pessoal expressivo.

Fotos

Reichstag é prédio do parlamento Alemão com seus mais de 100 anos de história. Foi palco de muitos fatos históricos como por exemplo a Proclamação da Republica. Em sua fachada há a seguinte escritura: \"Dem Deutschen Volke\" que significa \"Ao povo Alemão\".

Brandenburger Tor construído em 1789 por ordens do rei Friedrich Wilhelm II , é um dos principais símbolos da cidade além de ser palco de vários eventos como a comemoração da queda do muro e o ano novo

Aula de alemão na escola de idioma DID –Deutsch Institut.Berlin. Umas das cinco turmas de brasileiros que frequentou a escola no período de agosto de 2013 a fevereiro de 2014.

Muro de Berlin, erguido na madrugada de 13 de agosto de 1961,dividiu a cidade em duas partes uma governada pelo regime capitalista e a outra pelo socialista. Sua queda ocorreu no dia 9 de novembro de 1989 dando livre passagem entre as duas partes da cidade o que antes era praticamente impossível devido ao forte esquema de segurança.

Aula em um dos auditórios da Faculdade de Medicina Veterinária da Universität Leipzig. Na foto é possível notar a grande presença feminina na Medicina Veterinária, representada por aproximadamente 90% dos acadêmicos.

Participação de atividades evolvendo crianças de escolas da cidade. O evento denominado Vetday teve como objetivo demostrar para as crianças o papel do Médico Veterinário além de proporcionar o contato com os animais.

Atividade durante estágio na clínica de ruminantes da Universität Leipzig. A grande maioria dos atendimentos era de bovinos, mas não foram raros os casos de camelídeos atendidos.

Atividade durante estágio na clinica de ruminantes da Universität Leipzig. Alpacas estão cada vez mais presentes no país tanto como animais de estimação como também para uso comercial, por exemplo, para obtenção da lã.

Atividade durante estágio na clinica de ruminantes da Universität Leipzig. Camelos geralmente eram trazidos pelos zoológicos da região.

Atividade durante estágio na clínica de ruminantes da Universität Leipzig. Procedimento de punção sob controle de ultrassonografia. Fato que chamou a atenção durante o estágio foram as diferentes aplicações da ultrassonografia na clinica de ruminantes

Vista a uma propriedade leiteira no estado da Saxônia. O Estado possui as maiores propriedades de produção leiteira do país.

Visita a uma propriedade com sistema robotizado de ordenha. Sistemas de ordenha onde ela é efetuada através de robôs são bem frequentes no sistema de produção alemão.

Participação de curso de reprodução em bovinos na sede alemã da CRV. Empresa multinacional no ramo de reprodução e no Brasil representada pela CRV Lagoa.

Visita a uma propriedade leiteira no norte da Espanha. Sistema de produção a base de pasto semelhante ao da nossa região.

No período de férias eu tive a oportunidade de visitar um dos lugares que no meu ponto de vista é umas das maiores belezas da natureza, os Alpes. Nos Alpes Suíços fiquei por uma semana em uma pequena propriedade leiteira localizada a mais de 1.600 metros de altitude na qual era produzido o típico queijo suíço.

O intercambio além de proporcionar ao estudante uma oportunidade de aumentar os conhecimentos na área acadêmica, proporciona um grande crescimento cultural. Viajar e conhecer lugares dos quais eu havia escutado falar nas aulas de história, foi algo especial.

E as paisagens são incríveis, independente da estação do ano. Mesmo estando em outro país não deixei de lado o costume de tomar chimarrão, e através do mesmo acabei conhecendo diversas pessoas de diversos países e alguns destes contatos resultaram em amizades que duram até hoje.