Na terça-feira (24/7) os cursos de Pedagogia e Gestão da Tecnologia da Informação da UCEFF Itapiranga tiveram atividades envolvendo nativos da Alemanha e do México. A estudante do 5º período de Pedagogia da Maria José Velázquez está fazendo intercâmbio no Brasil e aproveitou para conhecer o curso da UCEFF Itapiranga. Ela esteve reunida com os acadêmicos falando do sistema educacional mexicano, que segundo Maria José, é parecido com o brasileiro. A estudante esteve acompanhada do professor Sandro Charopen Machado, que ajudou nas traduções, quando necessárias.
Em outro espaço, estava o curso de Gestão da Tecnologia da Informação, turmas do 2ª e 4º semestres com visitantes nativos da Alemanha que contaram suas experiências, com a tradução da professora Otilia Dill Wohlfart, que organizou a atividade. Os visitantes Bárbara Thees, Katharina e o esposo Thomas Ohemgen, vieram acompanhados dos anfitriões em Itapiranga, Estevão e Hildegart Wohlfart. Eles relataram que moravam na Alemanha Ocidental e com a queda do muro de Berlim tiveram que se adaptar aos costumes e à vida da Alemanha Oriental. Pelo fato de morarem na Ocidental, sempre havia falta de dinheiro e de produtos para o consumo geral. Em questões de educação e valores, sempre houve grande preocupação por parte do governo em deixar essas duas questões bem regradas.
Quando ocorreu a queda do muro, houve a necessidade de uma adaptação à uma vida diferenciada. Foi uma mudança muito grande, de um dia para outro um câmbio total na vida deles. Algo favorável foi a mudança da questão financeira e em relação aos produtos que agora podiam ser comprados livremente e em grande quantidade. Uma perda considerada foi na questão de valores e da educação. A Alemanha Oriental apresentava uma abertura muito grande em relação aos costumes e valores, as crianças não tinham uma educação e um ensino regrado, tudo era mais solto, sem limites, isso foi algo que assustou esses pais, pois estavam preocupados com a educação e o profissionalismo de seus filhos e netos.
Bárbara Thees é uma enfermeira com formação específica em geriatria e trabalha num asilo. Ela é supervisora do lar de idosos e coordena os trabalhos realizados pelos colegas. Ela reforça que tiveram uma boa educação em casa, e que tiveram que se esforçar para conseguir estudar e ter uma boa profissão. Contudo, ela não se arrepende de nada, e tenta ensinar aos netos a necessidade e importância de estudar, aprender línguas estrangeiras e manusear as mídias. Desde pequena, gostava de brincar de médica com suas bonecas e soube logo que seguiria uma profissão que a aproximasse de seu instinto, que é cuidar dos outros.
Katharina Oehmgen estudou engenharia elétrica e atuou por anos nessa profissão. Vieram os filhos e ela se dedicou a criá-los. Ficou dez anos em casa e quando retornou ao seu trabalho, não se sentiu mais integrada aos colegas, verificou que havia parado no tempo, que muita coisa havia mudado e entendeu que cabia a ela reavaliar suas condições e ressignificar sua vida profissional. Optou por fazer mais uma graduação e, como gostava de cálculos, decidiu pela formação em matemática. Hoje é professora efetiva de Matemática em uma escola e atende turmas com jovens na faixa etária de 16 a 19 anos.
Thomas Oehmgen tem sua primeira formação na engenharia eletro-mecânica e, pelo fato de ser um estudante muito esforçado, foi convidado por seus professores a fazer uma especialização em engenharia nuclear, ramo no qual ainda hoje atua. Ele garante que gosta do que faz, o faz com amor e responsabilidade. Questionado sobre perigos de sua profissão, sua resposta foi algo surpreendente: “eu confio nos meus colegas, eles são responsáveis e competentes, sabem que não podem apertar um botão errado pois sua vida e de seus companheiros depende de sua responsabilidade em qualquer ação que toma”. Sabendo que ele é responsável e competente, acredita que seus colegas também o sejam. Entre dirigir nas autoestradas e trabalhar em uma usina nuclear, a primeira opção é a mais perigosa.
Numa conversa mais direta, os visitantes afirmaram que a questão da imigração é um fato que incomoda os alemães. Os imigrantes se vitimizam em qualquer instância. Toda vez que alguém lhes nega ou cobra algo, usam a questão de serem imigrantes, como um artifício para se esquivar dos serviços, das responsabilidades e de conseguir regalias que os próprios alemães não têm. Em relação aos estudos, os três afirmaram que a UCEFF é uma instituição muito bem estruturada, melhor do que muitas na Alemanha. Elogiaram os acadêmicos e sua postura em relação às perguntas e ao comprometimento durante a conversa.
Os acadêmicos e os docentes consideraram essa noite como algo diferente, algo que agrega valor aos seus estudos e os estimula para continuarem progredindo.
Depoimentos sobre a atividade do curso de Pedagogia
"Foi uma noite de puro conhecimento do mundo, e enxergamos inúmeras possibilidades que nós, aqui em nossa cidade ou região, podemos fazer para tornar o mundo melhor. Basta colocarmos nossas mãos na massa e fazer acontecer. Compreendemos a grande necessidade do profissional pedagogo, não somente no Brasil, mas no mundo todo, pois o pedagogo é o profissional capaz de mudar vidas, pode ser um super-herói de alguém, como destacou Maria José. Essa foi uma importante mensagem que a Maria nos deixou. Foi uma visita rápida, porém de grandes lições e aprendizagens", destaca a acadêmica Aline Borscheid.
Para a acadêmica Simone Beatriz Soffiatti, a visita da Maria à Instituição e a experiência com o curso proporcionou grandes reflexões sobre o mesmo, sobre a profissão de pedagogo e sobre a missão através dela. "Maria compartilhou sua história e sua cultura conosco, além de suas pesquisas e crenças no que se refere a educação. Acredito que a experiência foi muito interessante e agregou a todos; reafirmamos nosso amor pela educação através de suas palavras e sua paixão pela profissão. Inspiração para todos nós".
Segundo Marcelo Soares, a partir da troca de vivências e experiências com discentes de outros países, podemos aprender sobre o contexto educacional e a forma de ensino aprendizagem em outras instituições. Por meio da inter-relação cultural é perceptível ainda, que o papel do pedagogo na sociedade vai além da sala de aula, fazendo-se presente e mudando o contexto social existente. Comprova-se isso em um trecho da conversa com Maria José Velázquez, onde a mesma reproduz a famosa frase do filme “O Homem-Aranha” que “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. Dessa forma, o educador não pode limitar-se as condições a ele impostas, precisa sempre buscar alternativas que motivem e possibilitem o desenvolvimento como um todo.