Publicado no Portal Unicos por Dominique Nunes
Apesar dos mais de 10 anos de existência, o Facebook ainda se adapta no mundo das redes sociais. Esta semana, foram atualizadas as normatizações de publicações. Os novos padrões da comunidade definem qual tipo de material é aceitável ou não no site. Postagens de violência, ódio, nudez, bullying e apologia ao terrorismo serão retiradas do ar.
A empresa já tirava do ar conteúdos ofensivos e violentos, pornografia, nudez explícita e publicações de apoio ao grupo terrorista Estado Islâmico. As novas normas detalham os tipos de organizações perigosas que estão banidas, além de incluir proibições em imagens que focam nádegas completamente expostas e de seios femininos que deixem os mamilos à mostra.
Em relação ao bullying, agora o Facebook irá banir imagens alteradas que afetem algum indivíduo. Além disso, vídeos que demonstrem agressões físicas e descrições escritas de atos sexuais também estão proibidos. Entretanto, a empresa indica o que considera apropriado, como fotos de mulheres em amamentação ou que mostre os seios com cicatrizes após procedimentos como mastectomia.
Mudança foi tardia
Para Rogério Koff, professor de Ética Jornalística na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a mudança foi muito tardia. Casos de super exposição da vida privada são delicados em todos os sentidos. É fundamental o bom senso. O limite entre ele e a censura deve ser cuidado nessas situações. Por exemplo, uma imagem de criança com cunho apelativo e uma postagem sobre ideais políticos. O primeiro deve ser evitado e o segundo não pode ser excluído por somente ser uma opinião, observa.
O professor do curso de Comunicação Digital da Unisinos Hélio Sassen Paz acredita que a mudança também chegou tarde. Sempre houve preocupação de pessoas atingidas e que queriam se defender. Quando reclamamos de uma postagem no Facebook, não sabemos quais são os critérios usados para avaliação, lembra.
Casos de ofensa e violência devem ter cuidado redobrado
Nos casos de postagens de organizações violentas como o Estado Islâmico, o Koff acredita que não haja problema em veículos de comunicação noticiar vídeos de execução ou ameaças, pois eles passam por edição jornalística que retira as partes mais chocantes. Além disso, a mídia presta este serviço à sociedade. Mas, nas redes sociais, viramos jornalistas de nós mesmos, publicando e escrevendo informações que muitas vezes não passam por um filtro, avalia.
Para Paz, as novas normas são um aspecto positivo na rede, pois acredita que tudo era avaliado como algo único anteriormente. Um aspecto importante é como existem denúncias que não são tiradas do ar. Semana passada denunciei duas páginas políticas com conteúdo agressivo e elas continuam lá. Por isso, essas políticas precisam valer de maneira igual para todos. Vamos dar um tempo para observar e confiar se funciona de maneira imparcial, pondera.
Regras e censura são pontos diferentes
Paz acredita que os critérios que determinam o que é válido ou não no Facebook devem ser mais claros. Para exclusão de imagens podem ser usados algoritmos de palavras e hashtags, de cores e formas. Assim como pessoas que trabalham para avaliar o que é postado, o que é denunciado por usuários ou pela justiça, explica.
Koff ressalta que as regras são importantes e não podem ser consideradas como censura, pois visam uma rede social mais humana. Temos apenas 10 anos de rede social e ainda estamos aprendendo a como nos comportar. É uma questão educativa, todos podem aprender de certa maneira. Vejo a tecnologia como algo bom que nos força a um exercício democrático, opina.