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19 Abr 2023

Estudantes do Oeste debatem com deputados o programa Faculdade Gratuita

150 acadêmicos de instituições de ensino superior da região Oeste de Santa Catarina estiveram na Alesc pela defesa dos direitos estudantis 

 

Aproximar os estudantes do Oeste e a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, além de fomentar o debate frente ao programa de bolsas de estudo gratuitas. Esse foi o intuito da ida de centenas de alunos de instituições de ensino superior da região à Florianópolis nesta quarta-feira (19).

 

Composto por líderes estudantis, o grupo de aproximadamente 150 alunos debateu com deputados estaduais o programa Faculdade Gratuita, anunciado pelo governador Jorginho Mello e que propõe a compra de vagas no ensino superior catarinense pelo governo do estado, mas que beneficiarão somente um grupo de instituições que representa 30% do alunado matriculado em Santa Catarina. 

 

Faculdade gratuita para todos

 

Segundo o presidente da Associação de Mantenedoras Particulares de Educação Superior de Santa Catarina (Ampesc), diretor da Horus Faculdades, Cesar Lunkes, o projeto é discriminatório, pois cerca de 300 mil alunos e 84 instituições de ensino particular privado serão desmerecidos pelos gestores públicos que comandam a educação no estado.

 

“Estamos sim alertando para os equívocos do programa Faculdade Gratuita. A proposta agradou a opinião pública e marcou a campanha política do governador. Na prática, se começar a operacionalizar o programa com a compra de vagas direcionadas, a sociedade vai perceber o quanto prejudicará as mais de 300 mil famílias catarinenses e as demais instituições particulares”, explica.

 

Cesar pontua que o projeto está sendo construído a portas fechadas por um grupo composto apenas por membros e com base nos dados do sistema comunitário, que conta com menos de 50 sedes nos municípios e tem 75 mil alunos, conforme dados oficiais do Ministério da Educação. 

 

“O sistema Ampesc atua há 22 anos e as instituições de ensino vinculadas possuem cerca de 17 mil professores e funcionários, gera 30 mil empregos diretos e indiretos e aproximadamente 300 mil alunos matriculados. Ajudamos a construir o crescimento sério e responsável das oportunidades de acesso ao ensino superior desde 2000, minimizando os deslocamentos e o êxodo de alunos dos municípios menores para grandes cidades. Se implantado da forma como se anuncia, vai desestruturar as instituições particulares e refletirá no movimento econômico dos municípios e no atendimento comunitário que também fizemos com qualidade”, frisa.

 

Unidos pelos estudantes

 

Para o reitor da UCEFF e um dos dirigentes da Ampesc, Leandro Sorgatto, a instituição defende que, se o propósito do governo de Santa Catarina é arcar com vagas para o ensino superior, é direito do cidadão escolher em qual faculdade ele quer estudar. “Nossa luta é pelos direitos dos acadêmicos e que todos sejam tratados de forma igualitária, para que esse programa alcance quem realmente precisa”, salienta.

 

Leandro afirma que é com bons olhos que as instituições privadas de Santa Catarina acompanham e apoiam o movimento dos estudantes na busca por direitos. “Estamos nessa luta para que o governo observe que, para desenvolver o estado, é importante em todos os segmentos da educação, em todas regiões do estado e em todos os modelos de ensino”, ressalta.

 

O reitor parabeniza os estudantes e destaca que o propósito da visita não é ir contra a decisão do governo, mas objetiva o equilíbrio entre as instituições de ensino superior catarinenses. “O movimento estudantil ganha corpo e, quando o projeto estiver em pauta na Alesc, o debate que o recurso público seja distribuído de uma maneira justa estará mais fortalecido”, prevê.

 

De acordo com o deputado estadual Antidio Aleixo Lunelli, que recebeu os estudantes durante a visita, apesar de ainda não terem recebido o projeto do governo, o posicionamento é de que seja prestigiado o CPF do aluno.

 

“Eu sou fruto de uma bolsa de estudos que recebi um dia em minha vida, por ser filho de agricultores e vir de uma família pobre. Então eu defendo a bolsa para os estudantes que realmente precisam e merecem, prestigiando o CPF do aluno e não o CNPJ das instituições. O acadêmico que ganhar o benefício deve ter a oportunidade de escolher qual é a instituição que ele quer estudar”, declara. 

 

União faz a força

 

A estudante do 7º período do curso de Psicologia da UCEFF, Briana Schmidt, esteve presente na visita e enfatizou a importância do movimento estudantil na luta pelos direitos. “A faculdade gratuita é direito de todos e, já que boa parte dos estudantes estão no ensino privado, estamos aqui lutando aqui por isso. Representamos alunos de mais de 104 municípios e que estão na expectativa de mudanças futuras”, assevera.

 

Já para a acadêmica do 7º período do curso de Psicologia da UCEFF, Gabriela Pavoski, o momento foi importante para que os alunos possam aprender a valorizar os direitos e a luta para conquistá-los. “Nos posicionamos enquanto estudantes e cidadãos catarinenses. Sabemos que esses benefícios podem não vir para nós agora, mas para as gerações futuras isso é crucial. O movimento estudantil funciona com a união de todos nós e é isso que buscamos nessa visita: o cumprimento dos nossos direitos”, finaliza.



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