A relação entre teoria e prática será interminável, um conhecimento sempre atribuirá ao outro. Mas articular essa união é uma tarefa que demanda criatividade. Pensando desta forma, o professor Rafael de Medeiros, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UCEFF Chapecó, decidiu organizar uma atividade não convencional na disciplina. A Aula Corporativa desafiou os acadêmicos. Na proposta, canteiros de obra foram “levados” para a sala de aula.
Os estudantes, divididos em grupos (ou construtoras, no caso) receberam igualmente cronogramas e projetos arquitetônicos de uma mesma obra e tiveram de organizar os canteiros (pensando em equipamentos, materiais e a dinâmica de trabalho). Até aí, parece simples, mas se engana quem não é da área. “Na rotina, na realidade, há muitas chances de ter improvisos ou mesmo bagunça, desorganização”, explica o professor. “Por isso é preciso planejar o canteiros, a fim de otimizar o trabalho dos funcionários, especialmente a logística de uma obra”.
Pense você, para construir prédios, casas e grandes empreendimentos, se não houver organização, a fluidez do trabalho é comprometida. Na disciplina de Tecnologia da Arquitetura II (do 5º período), este assunto pode se tornar maçante, justamente por envolver cálculos, decisões, disposição de espaço. Mesmo com as visitas in loco, nem sempre é possível demonstrar totalmente aos acadêmicos como planejar a execução e prever as instalações para o serviço de execução, ou seja, dispor os espaços de montagem, equipamento e estoque mais adequados para a dinâmica da obra específica. Para evitar isso, a aula estimulou que os próprios alunos pensassem de forma eficiente e criativa.
A proposta da aula certamente contribuiu ao estudante Vitor Martins. Segundo ele, pelo fato da didática se aproximar do mercado de trabalho, eles conseguem visualizar de maneira mais interativa como é o funcionamento de uma obra. “Além disso, o conhecimento é melhor fixado, acaba nos preparando mais para compreender a prática da nossa profissão”.
Não é muito diferente para Caroline Pydd, também acadêmica de Arquitetura. No caso dela, a interação que exercícios como este proporcionam em sala torna os trabalhos muito mais produtivos. Mas não para por aí, para Caroline, o ponto mais significativo é a articulação que ela estabelece entre conhecimentos do seu trabalho (de outra área, inclusive) com as disciplinas. “Quanto mais soubermos sobre o que estamos dizendo, maior é a segurança que demonstramos aos clientes, por exemplo, justamente porque temos propriedade sobre assunto”. Ou seja, é uma via de muitas mãos, desde o conteúdo em sala, do mercado até o conhecimento sobre técnicas, materiais e vivências.
“É importante destacar essa característica de autonomia e iniciativa proposta”, argumenta Rafael. Conforme ela esclarece, o interessante é observar a maneira como cada grupo desenvolve seus planejamentos, assim como a diversidade de interpretações que o mesmo projeto pode ter. “Ao ‘recriamos’ um ambiente profissional, aproximamos os estudantes de situações semelhantes à realidade do mercado e as metodologias ativas favorecem a tomada de decisão deles, incorporando noções que só poderiam ser vivenciadas futuramente”, completa o professor.