Livres de agrotóxicos, ecológicos, sustentáveis, econômicos e também otimizam a área de produção. Os canteiros circulares, conhecidos como “hortas em mandala”, surgiram como uma maneira inovadora de produzir hortaliças, leguminosas, galinhas e peixes. E foi pensando no aprimoramento deste sistema, que Lucinara Moreira Floriano, estudante do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UCEFF Chapecó, criou o projeto Manejo Integrado em Pequenas Propriedades Rurais.
A proposta surgiu em 2016, em uma disciplina do curso. Em 2017, ela inscreveu o projeto em um concurso estadual e ficou entre as 50 melhores ideias. Desde então, não parou. Registrou o modelo do seu projeto da Biblioteca Nacional e, em 2018, solicitou que fosse complementado. Agora, a mandala será retangular.
“Um das grandes vantagens que a horta mandala oferece é agregar valor à agricultura familiar”, esclarece Lucinara. “Hoje, os modelos permitem a alimentação dos produtores e a comercialização do excedente, gerando renda e diminuindo a evasão no campo”, completa a jovem, que já possui a graduação em Gestão Ambiental.
O modelo criado por Lucinara é amplo, comporta a horta mandala, um galinheiro para produção de ovos orgânicos, uma plantação de escalonamento (distribuída por níveis) para o sustento da família e criação de peixes. Isso tudo em 420 m². De acordo com a professora Geisa Percio do Prado, mentora de Lucinara, esse tipo de canteiro favorece a insolação e arejamento das hortaliças, além de otimizar o espaço e os recursos hídricos.
A mandala não é somente uma maneira “divertida” de cultivar diferentes alimentos, a construção de uma horta desta deste tipo desperta um caráter social em sua aplicação. “Construir uma horta mandala é ter cuidado com a alimentação e pensar no sustento dos pequenos produtores, por exemplo”. A estudante explica que para uma família com quatro pessoas é possível produzir inúmeras espécies de alimentos, por meio deste método, e ainda comercializar o excedente, chegando a um lucro real de R$ 1.000, 00 a R$ 4.000,00 por mês.
Mas o projeto da jovem não ficou somente nos papéis. Lucinara, seu irmão e uma amiga criaram a empresa EASEG, voltada à consultoria em segurança do trabalho e gestão ambiental. E para provar a funcionalidade da horta em mandala, as duas aplicaram o projeto em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. A partir de agora, escolas da cidade poderão visitar o espaço já em funcionamento para estudar educação ambiental, graças a uma parceria entre a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e a Prefeitura de Passo Fundo.
Inquieta, a estudante decidiu ousar e aperfeiçoou sua ideia. A intenção é agregar uma nova planta e criar uma mandala retangular. Incomum, mas se depender de Lucinara, tem tudo para dar certo. “O foco da modificação é poder usar áreas em declive, reutilizar a água da chuva e incorporar tanques de tratamento pluvial”. Ainda sobre o projeto, Luciana comenta que está em busca de parcerias em Chapecó, já que um de seus objetivo é implementar as hortas em mandalas também no município.