Adaptação, pode até não ser confortável e por vezes causar certa estranheza. Porém, buscar adequar-se às constantes mudanças tecnológicas, descobertas científicas e intercâmbios culturais, é uma importante habilidade a ser desenvolvida. Com a pandemia provocada pela Covid-19, é indispensável colocar em prática essa capacidade, seja para proteger a saúde ou questões financeiras.
Com menos tempo na rua, com trabalho remoto e demais limitações na circulação social, o tempo em casa que costumava ser pouco passou a ser a maior parte do nosso dia. Assim, foi possível perceber os pontos positivos do lugar onde moramos, mas também os negativos. A cadeira talvez não seja a mais adequada para horas e horas de trabalho ou a luz não seja tão boa para onde fica o espaço do home office, ou mesmo do momento de estudar. Bem, nesse sentido a Arquitetura entra em cena como uma aliada importante.
A professora Vanessa Scopel atua no curso de Arquitetura e Urbanismo da UCEFF e é especialista em Arquitetura de Interiores, ela explica que “é importante, em um primeiro momento, delimitar esse espaço de trabalho, ou seja, definir ou um ambiente ou uma porção dele que sirva para essa atividade. Isso pode ser feito de forma física, um painel que delimite essa área e separe ela dentro de um espaço, ou a própria mesa de trabalho. É fundamental, ao visualizar essa área, entender que ela tem essa função específica”. Vanessa relata que desta forma é possível saber que essa mesa não é para comer, brincar ou realizar outra atividade. “Esse local de trabalho, independentemente de ser em casa ou em uma empresa deve estar sempre organizado, pois esse é um fator que colabora para o foco e a produtividade”, esclarece.
No momento de pensar o espaço de home office, Vanessa observa a necessidade de prestar atenção a mobília necessária para cada atividade. “Se alguém trabalha com levantamento e desenhos físicos, que é o caso da arquitetura, a largura da mesa deve ser maior, da mesma forma se é alguém que precisa guardar muitos documentos e papéis, é necessário ter um espaço de armazenamento. Nesse sentido, cada pessoa deve entender qual mobiliário precisa para conseguir realizar seu trabalho adequadamente”, esclarece a professora. A arquiteta e urbanista explica ainda que não são mais necessários grandes espaços físicos já que a maior parte das tarefas são feitas de forma digital, “mas deve-se atentar-se para uma mesa na altura adequada, uma cadeira confortável e uma otimização dessa área, com aproveitamento do espaço”, acrescenta.
As mudanças apresentadas pela pandemia na organização das nossas rotinas vieram para ficar. A forma de estudar e de trabalhar estão adaptadas, muitas situações são resolvidas de forma online, não é preciso mais estar presencial para tudo. Em função de todos esses fatores, ter um ambiente em casa que represente trabalho e estudo é fundamental. A professora Vanessa explica, a partir disso, que é preciso saber se o ambiente que tenho e utilizo está ou não adequado. Um ambiente adequado para uma pessoa, pode não ser adequado para outra. “Nesse sentido deve-se perceber alguns pontos, como, por exemplo: tenho local suficiente para armazenar meus materiais de trabalho? Me sinto confortável nessa área de trabalho? Sinto alguma dor, barulho ou incômodo ao trabalhar nesse local? Com base nessas respostas é possível saber se o local está ou não adequado para a tal necessidade e assim criar soluções compatíveis com cada caso”, afinal cada espaço deve ser pensado para determinada pessoa e suas necessidades, acrescenta Vanessa.
Para além das questões físicas, é fundamental para o ambiente ser o mais adequado possível verificar a iluminação. Vanessa ressalta que “a iluminação está diretamente relacionada à produtividade, por isso que a luz do dia nos deixa mais animados do que a penumbra. Nesse sentido, é importante não criar sombra na área de trabalho. Para isso pode-se utilizar uma luminária de mesa, ou em cima dessa área, no teto. Ainda, deve-se optar por lâmpadas com temperatura de cor média, ou seja, de aproximadamente 4000 kelvin. Essas lâmpadas reproduzem a claridade do dia, não sendo nem muito amareladas (que acabam sendo muito relaxantes) e nem muito azuladas (que acabam sendo muito frias)”, conclui a arquiteta e Urbanista.