A alguns dias um jovem invadiu uma creche e assassinou três crianças e duas professoras no município de Saudades-SC. O caso está sob investigação. A crueldade tomou espaço no noticiário nacional e internacional, se tornou o assunto do debate público. Mas esse não é um caso isolado, muitos são os crimes repletos de crueldade que envolvem a sociedade de comoção e revolta e fazem de qualquer conversa um tribunal. Cada um destes casos é motivo de estudo, questionamento e muita análise das áreas do Direito e da Psicologia.
Em função do envolvimento dessas duas ciências e da necessidade de interlocução entre ambas, os cursos de Psicologia e Direito promoveram uma conversa para tratar de casos violentos e os laços sociais. O debate, intitulada “A morte violenta e o laço social: Uma interlocução entre as áreas Psicologia e Direito”, contou com a participação dos professores Robson Fernando Santos e Arthur Fernando Losekann do curso de Direito da UCEFF e os professores de Psicologia Ajauna Ferreira e Domingos Palma.
Por meio do trabalho em conjunto é possível alcançar melhores e mais efetivos resultados, cada área do conhecimento contribui a sua maneira para a construção de algo maior. O trabalho interdisciplinar entre os cursos cativou os estudantes que acompanharam do início ao fim a conversa. Dentre os estudantes, a grande maioria participou por meio da transmissão pelo canal da UCEFF no YouTube, porém alguns deles estavam em sala e acompanharam a atividade junto aos professores.
Andrei Felipe Pinheiro, José Guilherme Goettems Gomes e Verônica Prestes, são do 3° período de Psicologia da UCEFF e relatam a importância de poder presenciar e aprender com a conversa entre os professores dos cursos. Os acadêmicos destacam a riqueza dos debates promovidos e como isso fomenta o conhecimento e complementa aquilo que é trabalhado em sala de aula. Desta forma, se torna possível fazer links entre teoria e prática.
Professor Robson Fernando Santos, explica que é fundamental para a formação do estudante ter a visão interdisciplinar, já que o Direito em especial interage com diversas ciências e precisa conviver na prática do dia-a-dia da profissão. “É dessa forma que se faz ciência. A participação dos estudantes, acompanhando e interagindo, é algo que considero fundamental”, relata o professor. Essa atividade contribui para a formação dos acadêmicos, conforme Robson, pois assim se torna possível olhar para os casos que estavam em debate com visão crítica e científica e desta forma fugir do senso comum, algo muito perigoso no exercício da profissão.
A atividade surgiu em debates nas disciplinas de Psicologia e a professora Idiane Turra Tuni contou que percebeu a necessidade de conversar sobre o assunto e de fazer a interlocução entre os cursos de Psicologia e Direito. O caso de Saudades despertou para a necessidade de um olhar entre as áreas, pois necessita da contribuição de cada segmento. Idiane fala sobre o cuidado que é preciso ter para falar de um assunto que se tem tão poucas informações para aprofundar, pois é necessário ter sensibilidade e muitos cuidados. “É nosso papel ensinar como perceber os comportamentos e entender situações delicadas de abuso e maus tratos, para olharmos para a subjetividade que surge no comportamento e muitas vezes vai se manifestar na escola”, explica Idiane.