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11 Mai 2018

O AFETO DE MÃE ENTRE LIVROS E MAMADEIRAS

No Dia das Mães, preparamos uma matéria especial sobre maternidade e vida acadêmica. Três relatos de acadêmicas da UCEFF que se cruzam não somente pela chegada de um bebê, mas pela maior descoberta de suas vidas

 

Alguns disseram que seria difícil. Mas ninguém falou das noites em claro. Também não comentaram sobre os trabalhos acumulados ou a mudança turbulenta na rotina. E apesar de presumirem, a gravidez aconteceu. Além da maternidade durante a graduação, há outra característica que une as histórias de Tauane RhodenMichele Nardi e Cândida Canova: elas se redescobriram enquanto mulheres.

No caso de Tauane, acadêmica de Engenharia Química, o nascimento da filha foi um tanto emblemático. Tudo era confuso para a jovem que se descobriu mãe aos 15 anos e até hoje cuida sozinha da pequena Glenda. E foi justamente no leito do hospital, depois do parto, quando uma enfermeira justificou o choro da criança dizendo: “mãe, fica calma, ela só quer mamar”, que ela se deu conta da nova responsabilidade. “Curiosamente, naquele momento eu consegui sentir o mesmo afeto que a minha mãe contou ter sentido quando eu nasci”, lembra emocionada a estudante com 18 anos.

A notícia também deixou Cândida surpresa. Aos 29 anos, casada, cursando Engenharia Civil (sua segunda graduação), ela não planejava ter um bebê. Os primeiros meses foram complicados, especialmente por ser mãe de primeira viagem e pelos mais de 300 quilômetros de distância entre sua cidade natal, Cascavel (PR), e Chapecó — onde reside há sete anos com Fábio, seu companheiro. Guilherme nasceu no fim do ano passado e hoje recebe atenção quase integral de sua mãe, que fez questão de acompanhar o crescimento do pequeno, enquanto concilia a graduação.

 

Um olho aqui, outro ali

Um pouco diferente é a situação de Michele. Quase inimiga do tempo, a risonha acadêmica de Arquitetura e Urbanismo se divide em quantas pode para não se perder em seus compromissos. Às vezes, mesmo com os trabalhos acumulados, é impossível negar atenção à Melanie, que completará 6 anos em breve. Nesses casos, o que resta é desligar o computador, fechar os livros e dar uma “escapadinha”, porque o sentimento de mãe se sobressai.

Bem-humorada, a acadêmica recorda de quando prestou vestibular na UCEFF, em 2012. Com poucos meses de vida, sua filha acompanhou a mãe no importante passo que ela tornava a dar. A estudante desconhecia a condição especial para lactantes, na qual as mães podem sair da sala de prova para amamentar seus filhos, o que a deixou aliviada quando ouviu o chorinho de Melanie no corredor.

Para Cândida e Tauane, conciliar o tempo, dividindo-se entre as demandas da graduação e a vida das crianças, tem sido complicado, mas nada impossível. Para Cândida e Tauane, conciliar o tempo, dividindo-se entre as demandas da graduação e a vida das crianças, tem sido complicado, mas nada impossível. Tauane, que conta com a ajuda de seus pais no cuidado da filha de quase 3 anos, confessa: “Quando eu sento para estudar, a Glenda fica ao lado para desenhar ou escrever, mas é difícil manter a concentração, afinal de contas, as preocupações de mãe vêm à tona. Ou seja, é um olho nos livros, outro na filha”.

 

Mãe com “M” maiúsculo

A mais de 300 quilômetros distante da família, Cândida decidiu voltar aos estudos quando Guilherme completou 4 meses de idade. Natural de Cascavel, no Paraná, ela e seu companheiro, Fábio, residem há sete anos em Chapecó. "Em alguns momentos, por conta das provas, tive que trazê-lo, porque ele mamava no peito. Mas em 2018 decidi trancar certas disciplinas e dar um pouco mais de atenção a ele, mesmo dividindo as tarefas com meu marido”, admite a estudante.

O jogo de equilíbrio entre dar continuidade aos projetos antes e depois do nascimento de um filho não é tarefa simples. Muito pelo contrário, “desistir” é uma palavra que visita frequentemente o cotidiano de muitas mães acadêmicas. Sim, os estudos são indispensáveis para Michele, mas sua filha é insubstituível. “A graduação eu posso fazer em outro momento, emprego eu posso conseguir mais tarde, minha vida social pode ficar para amanhã, mas o que eu perder do crescimento da minha filha eu não vou recuperar”, pensa a mãe.

Mesmo com alguns obstáculos, elas procuram conduzir a vida de forma leve. “As pessoas costumam dizer que gravidez precoce 'interrompe' o futuro. Eu discordo disso, porque eu continuo estudando, fiz minha carteira de motorista e estou trabalhando…”, esclarece Tauane. Reconhecer a atribuição de mãe é muito simbólico, se não desafiador, representa um sentimento que a mãe de Glenda sequer poderia imaginar. “Antes eu vivia pelos meus sonhos, projetos, pelo o que eu desejava. E ainda estou vivendo por isso, mas agora com mais estímulo, porque tenho a presença da minha filha”, completa.

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