Elaborado desde o fim de 2016, o Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) foi apresentado em Chapecó nesta quinta-feira (07). Estiveram presentes autoridades regionais, pesquisadores e comunidade. A intenção é tornar o documento um conjunto de orientações e instrumentos para orientar a tomada de decisões e desafios relacionados à destinação do resíduos sólidos.
O Plano foi dividido em quatro metas, e ao longo dos meses, através de audiências públicas, diferentes demandas foram elencadas. Conforme esclarece o gerente de Resíduos Sólidos da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), Cláudio Caneschi, as metas auxiliaram para compreender os contextos macros e micros. A primeira foi a Divulgação e Mobilização, seguida do Diagnóstico e Levantamento de Informações, depois Estudos e Cenários, encerrando com o Prognóstico, que resultou no documento final.
Caneschi afirma que Santa Catarina é único estado no Brasil que destina 100% de seus resíduos em aterros sanitários, mas alerta para aspectos que ainda precisam ser efetuados. “Em curto prazo, podemos destacar a o incentivo à coleta seletiva, a continuidade da disposição correta em aterros. E a longo prazo, um dos objetivos é destinar aos aterros somente rejeitos, ou seja, materiais não recicláveis e não orgânicos”, salienta o gerente acerca dos propósitos do PERS.
Para a coordenadora do curso de Engenharia Ambiental da UCEFF Chapecó, professora Elaine de Souza Neves Serpa, o documento é um instrumento imprescindível na execução de estratégias alinhadas aos parâmetros nacionais e ambientais relacionados ao destino dos resíduos sólidos. Segundo Elaine, também membro do Fórum de Resíduos Sólidos de Chapecó, a criação do Plano possibilita “condições apropriadas para os municípios acessarem recursos ou estratégias comuns destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos”, ou seja, unifica e amplia a atuação em todo o estado.
Com o propósito de regular a destinação de resíduos sólidos até 2039 (o documento terá validade a partir do ano que vem), outra finalidade do PERS é minimizar a produção de resíduos orgânicos. De acordo com engenheiro Sanitarista e Ambiental Pablo Rodrigues Cunha, da Premier Engenharia e Consultoria, empresa responsável pela elaboração do documento, cerca 50% dos resíduos urbanos gerados são orgânicos, quando o número deveria ser menor, uma vez que o ideal seria destinar aos aterros apenas rejeitos, que representam aproximadamente 20% do total de resíduos produtos em Santa Catarina.
Segundo o engenheiro, práticas como compostagem ou consumo consciente poderiam ser alternativas para reduzir o volume de resíduos. Além disso, ele atenta para outro dado significativo. Atualmente, no estado, em torno de 55% das cidades possuem coleta seletiva, mas o que se consegue recuperar desse resíduo separado é pouco, de 10% a 15%, revela o Plano. “Isso demonstra o quanto precisamos melhorar a eficiência da coleta, assim como a maneira que separamos o lixo nas residências, evitando a contaminação de resíduos secos e, desta forma, recuperar os materiais de maneira adequada. Práticas simples, mas eficazes contribuem com a redução considerável da produção de resíduos, além dos custos e impactos ambientais”, completa.